quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Discurso de Ilídio Costa



Antes de mais, obrigado pelo convite que me fizeram.

Obrigado, ainda, pela intervenção que me solicitaram, não me condicionando absolutamente em nada sobre o que quisesse dizer-vos.

Naturalmente, estou aqui como cidadão livre e independente, norteado apenas pelos meus princípios e valores que eventualmente poderão não ser os vossos. É bom que assim seja, pois é um sinal evidente que todos somos democratas e livres, factor que nos impõe naturalmente um maior sentido de dever, de respeito e de responsabilidade.

Mentir-vos-ia se dissesse que nas legislaturas autárquicas anteriores votei em vocês.

- Não, não votei.

Votei sempre Partido Socialista, por duas razões:

1/ - Porque quis ser fiel a quem decidiu, enquanto poder, apoiar decisivamente a nossa luta e reconhecer a vontade indomável e inquebrantável do povo de Vizela, através da proposta e votação da emancipação do nosso município na Assembleia da República;

2/ - Porque acreditei que as diversas pessoas que integravam os órgãos autárquicos do Partido Socialista, mesclado até por elementos que anteriormente eram militantes ou simpatizantes de outros partidos, iam saber respeitar e entender a vontade determinada e firme desse povo e que saberiam corresponder às suas expectativas, às suas necessidades e às suas ambições.

Contudo, decorridos 8 anos, chegamos à triste conclusão que Vizela não mudou o suficiente, mas sobretudo o devido.

É verdade que Vizela cresceu, que Vizela se desenvolveu, que Vizela deu outras condições de vida às suas populações, mas a pergunta que se nos deve colocar neste momento de nova decisão nas urnas é apenas esta:

- Mas cresceu, desenvolveu-se e deu condições de vida às suas populações acima do que seria normal que mereça um reparo positivo de todos e um voto de continuidade?

Aqui a resposta é só uma: Não.

Não, porque tiveram 2 maiorias absolutas; porque tiveram uma oposição absolutamente castrada e uma população devotada e subserviente e não souberam aproveitar minimamente este estado de graça.

Qualquer outro partido que lá estivesse teria feito minimamente o mesmo.

Mais: Vizela, hoje, está muito mais pobre, sem indústria, sem turismo, com um comércio debilitado, sem empregos, em que o número dos sem trabalho é dos mais altos a nível nacional, e sem um futuro minimamente promissor para os nossos filhos que aqui se queiram fixar.

Por estas razões, e porque não vejo a política como um clube de futebol, em que se nasce e se morre genericamente sempre no mesmo clube, mas que - pelo contrário - se deve vêr a política por um prisma exclusivamente empresarial, em que se avalia e se premeia, ou se penaliza em função dos resultados, nestas eleições não vou votar Partido Socialista.


Vou votar Coligação.


Porque é o movimento melhor posicionado, que teve a coragem de introduzir nas suas fileiras gente séria e capaz, gente que pode fazer algo mais e de diferente e de dar a Vizela aquela mais-valia que o Partido Socialista não soube dar.

Sou um defensor da alternância no poder, por várias razões:
- Porque o poder leva as pessoas à acomodação;
- Porque o poder tenta as pessoas a serem interesseiras e, em muitos casos, corruptas;
- Porque o poder demasiado e por muito tempo esvazia os responsáveis de ideias novas;
- Porque o poder tenta as pessoas a serem autocráticas.

Infelizmente, foi isto que aconteceu com este Partido Socialista nestes últimos 8 anos e, por estas razões, é tempo de mudar.

Eu, João Costa, gostava que mudasse.

Os vizelenses, se conscientes e desenraizados de clubites, deveriam querer que mudasse também.

Relativamente aos indecisos e aos críticos que dizem:

- Mas o Dr. Miguel Lopes é muito novo, muito inexperiente, tem muita dificuldade em definir um rumo e ser um líder, é muito pouco seguro.

Eu respondo-vos:

Tudo tem um começo. O Dr. Francisco Ferreira quando assumiu a Comissão Instaladora em 1998, apresentava exactamente os mesmos problemas, ou já não se recordam?

Era absolutamente inexperiente, não tinha discurso político – tinha mesmo muita dificuldade em se exprimir publicamente - e desconhecia em absoluto os dossiers com que iria ter de trabalhar.

O Dr. Miguel Lopes, comparativamente, está bem melhor que o Dr. Francisco Ferreira ao tempo, em 1998, pelo traquejo político que já teve e pela assessoria das pessoas que o rodeiam.

Relativamente ao seu discurso e à forma como se apresenta e comporta em público, só vos quero lembrar uma coisa:

- No debate radiofónico ocorrido no passado dia 05 de Setembro saiu ligeiramente ganhador em relação aos seus rivais, incluindo o cabeça à Câmara pelo Partido Socialista.

Face a isto: - Vocês encontram alguma razão plausível para esta desconfiança?

– Eu penso que não.

Agora, não posso deixar de chamar a atenção para um facto insólito, que se repete sempre que há eleições.

Os comentários do militante do PSD, Prof. Carlos Alberto.

Sobre este assunto só tenho a dizer o seguinte:

1/- Que o Sr. Prof. Carlos Alberto, como militante que é do PSD, tem todo o direito de discutir a liderança no seu partido;

2/ - Que o Sr. Prof. Carlos Alberto está a perder completamente a face, como cidadão que respeito, pelas posições sistemáticas e inoportunas que toma como militante;

3/ - Que o Prof. Carlos Alberto, como militante, tem todo o direito em ter ideias contrárias e a bater-se por elas, mas se a sua mensagem não passa internamente, então só tem que se render à maioria, ou apenas bater com a porta.

4/ - Que, eu – João Costa, entenderia muito melhor as críticas e as posições do Prof. Carlos Alberto como cidadão livre e independente, mas completamente fora da militância partidária.
É uma obrigação dos responsáveis do PSD procurarem chegar a um entendimento com este seu militante e, em função dos resultados das conversações, tomarem uma firme posição oficial.

Por último:

Os tempos que vivemos são muito difíceis.

O próximo ano de 2010 vai ser muito difícil também.

Todos conhecem os números relativamente ao crescimento nacional da economia nos próximos anos e ao grau dramático de endividamento do país. O desemprego vai continuar a aumentar, podendo ultrapassar os 11% em 2010.

A nível nacional vocês conhecem a distribuição de lugares na AR e a difícil tarefa de governação que o próximo governo vai ter pela frente. O momento exige uma maior responsabilidade a todos os partidos, mas – acreditem – que seria bem melhor se houvesse coragem para se criar uma coligação forte (quase como um governo de salvação nacional, no género do que foi feito na Alemanha em 2005, entre a CDU e o SPD).

Ao nível autárquico as coisas não vão ser fáceis também.

Vizela sofre por ser um município pequeno, mas sobretudo pelas baixas receitas, pelos enormes encargos fixos que criou e regista e pelo esforço de dívida que já apresenta.

O primeiro e principal trabalho de quem fôr poder será fazer o downsizing, ou seja fazer o emagrecimento da estrutura, ajustando-a à sua dimensão e às necessidades do município. O que se fez nos últimos anos é um perfeito absurdo e impõe uma correcção. Todo o pessoal ao serviço do município deverá estar perfeitamente direccionado para a sua função, devendo ser sempre acompanhado por formação actualizada e determinada, com exigência de desempenhos perfeitamente planeados e objectivados.

No terreno, o Plano Director Municipal é o instrumento mais urgente e mais importante.Tudo o resto deverá passar por planos anuais e plurianuais perfeitamente realistas e exequíveis.

Seja qual fôr o resultado das eleições, a verificar-se no próximo dia 11, que seja aceite e reconhecido democraticamente por todos e que, a partir desse momento, se comece uma vida nova com um forte empenho de todos os partidos e de todos os cidadãos.

… e que seja a Coligação por VIZELA a vencedora das eleições, se os Vizelenses assim o desejarem.


VIVA VIZELA



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