quinta-feira, 20 de agosto de 2009

CONTOS PROIBIDOS


Recorde-se a evidência documental do início da corrupção de Estado pós-estabilização democrática do livro de RUI MATEUS, Contos Proibidos - Memórias de um PS Desconhecido, Lisboa, 1996.

Um livro proscrito, muito procurado mas que nenhuma editora se atreve a reeditá-lo.






«Para além da ausência de regras que permitam, pela via individual, o acesso do cidadão à actividade politica, não existem regras idóneas do financiamento dos partidos nem de transparência para os políticos. Um pouco à semelhança dos “pilares morais” do regime, a Maçonaria e a Opus dei, tudo se decide às escondidas, como se o direito dos cidadãos é informação completa e rigorosa de como são financiadas as suas instituições e dos rendimentos dos seus governantes e dos seus magistrados se tratasse de algo suspeito, de algo subversivo»

Fonte: Rui Mateus


«Reler 'Contos Proibidos: Memórias de um PS desconhecido', de Rui Mateus, – fundador e ex-responsável pelas relações internacionais do PS, até 1986 – faz-nos perceber como é diferente a justiça em Portugal e noutros países da Europa.

Escrito em 1996, este livro é um retrato da personalidade de Mário Soares, antes e depois do 25 de Abril. Com laivos de ajuste de contas entre o autor e demais protagonistas socialistas, são abordados, entre outros assuntos, as dinâmicas de apoio internacional ao Partido Socialista e, em particular, a Soares, vindos de países como os EUA, Suécia, Itália, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Líbia, Noruega, Áustria ou Espanha.

Soares é descrito como alguém que «tinha uma poderosa rede de influências sobre o aparelho de Estado através da colocação de amigos fiéis em postos-chaves, escolhidos não tanto pela competência mas porque podem permitir a Soares controlar aquilo que ele, efectivamente, nunca descentralizará – o poder» (pp.151-152); «para ele, o Partido Socialista não era um instrumento de transformação do País baseado num ideal generoso, mas sim uma máquina de promoção pessoal» (p.229); e como detendo «duas faces: a do Mário Soares afável, solidário e generoso e a outra, a do arrogante, egocêntrico e autoritário» (p.237).

A teia montada em torno de Soares, com um cunhado como tesoureiro do partido, e as lutas internas fratricidas entre novos/velhos militantes (Zenha, Sampaio, Guterres, Cravinho, Arons de Carvalho, etc), que constantemente ameaçavam a primazia e o protagonismo a Soares, são descritos com minúcia em 'Contos Proibidos'.

Grande parte dos líderes da rede socialista internacional – uma poderosa rede de “entreajuda” europeia que, em boa verdade, só começou a render ao PS depois dos EUA, sobretudo com Carlucci, terem dado o passo decisivo de auxílio a Portugal – foi mais tarde levada à barra dos tribunais e muitos deles condenados, como Bettino Craxi de Itália, envolvidos em escândalos, como Willy Brandt, da Alemanha, ou assassinados como o sueco Olof Palme.

Seria interessante todos lermos este livro. Relê-lo já será difícil, a não ser que alguém possua esta raridade. O livro foi rapidamente retirado de mercado após a curta celeuma que causou (há quem diga que “alguém” comprou toda a edição) e de Rui Mateus pouco ou nada se sabe.»

Fonte: http://www.terraportuguesa.net

É, por isso, uma raridade que felizmente ainda pode ser vista porque existe este poderosíssimo meio de comunicação que é a Internet.

"Contos proibidos - Memórias de um PS desconhecido", de Rui Mateus (clicar no "link" para fazer "download", escolher "free user" e aguardar um minuto - 50 MB) é um livro de leitura obrigatória.

Tempos de clandestinidade .... e de liberdade.

Sem comentários:

Enviar um comentário