domingo, 14 de março de 2010

Descontrolo e ilegalidade nos apoios financeiros das câmaras


"Há descontrolo, arbitrariedade e, nalguns casos, ilegalidade nos apoios financeiros concedidos pelas câmaras municipais às instituições sem fins lucrativos, conclui uma auditoria do Tribunal de Contas a 30 autarquias do continente.

Nalguns casos os procedimentos adoptados pelos municípios constituem actos passíveis de eventual responsabilidade financeira sancionatória, razão pela qual o assunto foi remetido para o Ministério Público.

Os apoios financeiros em causa beneficiam um variado leque de instituições, de corporações de bombeiros a associações culturais e instituições de apoio social. Depois de analisar os subsídios concedidos entre 2005 e 2007, o Tribunal de Contas percebeu que "não estão instituídos mecanismos de controlo e acompanhamento" destes financiamentos, de modo a detectar quer os desvios na aplicação das verbas, quer a duplicação de apoios para os mesmos fins. Por outro lado, parte significativa dos municípios "não dispõe de uma política clara de atribuição de apoios financeiros".

A entrega dos subsídios "obedece a critérios subjectivos e resulta de uma análise avulsa e casuística", o que "põe em causa os princípios da transparência e da imparcialidade que devem presidir à gestão dos dinheiros públicos".

A área do desporto é a que mais tem beneficiado dos dinheiros municipais. Nos três anos analisados recebeu 94,3 milhões das autarquias, enquanto a área do apoio social recebeu 90,7 milhões. O Tribunal de Contas salienta que, apesar disso, os apoios a uma terceira área, a da educação e do ambiente, têm vindo a aumentar. A aposta no desporto assume especial preponderância no Norte e no Algarve, sendo que esta última região investe também muito na área da cultura e do recreio, ao contrário de Lisboa. Neste triénio, as transferências de verbas da autarquia da capital centraram-se no apoio social, que é também a área mais acarinhada pelos municípios do Alentejo.

Perante as fragilidades detectadas no sistema, o Tribunal de Contas recomenda aos municípios que elaborem planos estratégicos para definir as prioridades na concessão de apoios, e que criem mecanismos que permitam controlá-los. Seja como for, alguns dos financiamentos vão ter de acabar ou ser suspensos, dado que violavam a lei. Ao Governo, esta entidade recomenda que "densifique" o diploma em que as autarquias se baseiam para subsidiar os sistemas particulares de saúde e protecção social dos seus funcionários".
Fonte: Público

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